A Igreja Metodista Livre foi fundada em 1860, quando Benjamin Titus Roberts, um pastor da Igreja Metodista Episcopal, não pôde mais servir em conformidade com suas práticas. B.T. Roberts observou que nenhuma igreja deveria apoiar a escravidão, cobrar por assentos, impedir que as mulheres servissem plenamente e sufocar o movimento do Espírito Santo no culto público. Portanto, ele promoveu a liberdade para todas as pessoas, com a abolição da escravidão, assentos gratuitos em todas as casas de adoração, a plena participação das mulheres em todos os papéis na igreja, incluindo o ministério pastoral, e a liberdade para o Espírito Santo agir no culto público, segundo as diretrizes estabelecidas pelo Apóstolo Paulo em 1 Coríntios 14, para que tudo seja feito com ordem e decência, visando a glória de Deus e a edificação espiritual da igreja.
Benjamin Titus Roberts nasceu em 25 de julho de 1823, em Cattaraugus, Nova York, em uma família de cristãos devotos. Desde cedo, Roberts demonstrou uma capacidade notável para os estudos. Com apenas 16 anos, já era professor enquanto estudava Direito.
Um momento crucial em sua vida ocorreu quando sentiu o chamado de Cristo e decidiu render-se incondicionalmente. Esse compromisso trouxe paz e perdão à sua alma, inspirando-o a se preparar para o ministério. Roberts ingressou na Universidade Wesleyana em Middletown, Connecticut, onde experimentou um avivamento espiritual que solidificou ainda mais sua fé e vocação pastoral. Após se formar em 1848, ele conheceu Ellen Lots Stowe e os dois se casaram em maio de 1849, em uma cerimônia que contou com a presença de quatro bispos, refletindo a importância do evento.
Roberts começou seu ministério em Caryville, Nova York, onde, em seu primeiro ano, recebeu 40 novos membros na igreja. Seu primeiro sermão tinha como tema a pureza de coração, baseado em Mateus 5:8, e abordava a necessidade e possibilidade de se alcançar tal pureza. O sermão refletia sua convicção de que a pureza de coração era essencial para ver a Deus e motivava sua congregação a buscar essa pureza.
Ao longo de sua carreira, Roberts foi designado para várias igrejas. Em Pike, enfrentou uma congregação em declínio, mas perseverou e viu renovo ao final do ano. Durante um acampamento espiritual, ele teve uma visão clara de dois caminhos: um de popularidade e outro de pregação da verdade, mesmo com aflição e perseguição. Escolheu o último, reafirmando seu compromisso com a verdade. Em Rushford, um grande avivamento ocorreu sob sua liderança, revigorando a congregação.
Roberts foi ordenado presbítero e transferido para a Igreja Niagara Street em Buffalo, onde enfrentou desafios devido à apatia e carnalidade dos membros. Ele propôs eliminar as dívidas da igreja se os assentos fossem livres para todos, mas a congregação recusou, e o templo foi eventualmente vendido. Em Brockport, mais um avivamento ocorreu sob sua liderança.
Durante seu pastorado em Albion, Roberts publicou um artigo defendendo reformas na igreja, criticando um grupo de ministros do Concílio de Genesee por enfraquecer os padrões metodistas de conduta, espiritualidade e doutrina. Isso resultou em sua denúncia oficial e, eventualmente, sua expulsão do ministério em 1858, após um artigo republicado sem seu consentimento. Apesar do apoio de leigos e do bispo Janes, que via em Roberts um futuro brilhante, ele não foi reintegrado. Em resposta, Roberts fundou uma “igreja livre” em Buffalo.
Em 23 de agosto de 1860, Roberts e outros líderes decidiram organizar a Igreja Metodista Livre durante uma convenção em Pekin, Nova York. A nova denominação cresceu rapidamente, e Roberts, como superintendente geral, guiou a igreja com fervor e compromisso. Ele também era um escritor prolífico, editando a revista The Earnest Christian por 33 anos, utilizando-a para promover suas convicções e guiar seus seguidores.
Roberts se destacou por sua defesa da abolição da escravatura e igualdade racial, utilizando sua influência para promover justiça social. A Igreja Metodista Livre proibiu seus membros de comprar ou vender escravos, e Roberts publicamente protestou contra a falta de educação e oportunidades para os ex-escravos. Durante a Guerra Civil, ele usou sua revista para apoiar e confortar os soldados, sendo a igreja um espaço de avanço social, como visto na resolução do Concílio de Illinois de 1865, que defendia direitos civis iguais para todos.
Roberts também priorizou a educação, doando sua casa para fundar o Seminário Chili, que mais tarde se tornaria a Faculdade Roberts Wesleyan. Ele incentivou a formação intelectual dos pregadores, acreditando que era dever do cristão trabalhar e orar, destacando a importância de uma vida equilibrada entre fé e ação.
Ele foi um líder visionário, defendendo a ordenação de mulheres pastoras, tornando a Igreja Metodista Livre pioneira nesse aspecto. Na sua abordagem à doutrina da santidade e à vida cristã, seguiu a tradição de John Wesley, enfatizando que, embora imperfeito em conhecimento e realizações, o cristão pode ser perfeito no amor. A vida e o trabalho de Roberts refletiram essa crença profundamente.
Durante os 33 anos de liderança de Roberts, de 1860 a 1893, foram organizadas 29 concílios anuais metodistas livres, e sua influência perdurou por gerações. Em 1910, o Concílio de Genesee reconheceu a injustiça cometida contra Roberts, restaurando os pergaminhos de ordenação ao seu filho, Benson H. Roberts, 17 anos após a morte de seu pai.
Em 1893, aos 69 anos, Benjamin Titus Roberts sofreu um ataque cardíaco e faleceu, deixando um legado de fé, justiça social e compromisso com a verdade. Suas últimas palavras foram: “Louvado seja o Senhor! Amém!” Sua vida e obra continuam a inspirar a Igreja Metodista Livre e seus membros.
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