História

 

Movido pela paixão da fé salvadora, o Movimento Metodista, declina a princípio ligado à Igreja Anglicana. Seu crescimento foi rápido. Várias pessoas se juntavam aos “metodistas” a cada dia para experimentarem a alegria da fé e da confiança em Deus. Isso me faz recordar o início do cristianismo (atos 2.42-47).

 

“E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos. Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos à medida que alguém tinha necessidade. Diariamente perseveravam unânimes no templo, partindo o pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos.[1]”

 

Nos meses seguintes, pequenos grupos se encontravam com Wesley para reuniões espirituais e estudos da Bíblia. Com essa atitude, o grupo ficou conhecido como sociedades. É de ressaltar também, que essas reuniões não competiam com os horários de reuniões nas igrejas. Normalmente, aos domingos, Wesley e seu irmão Carlos pregavam nos púlpitos das igrejas de Londres. Eles pregavam sermões incentivando uma mudança de vida, ou seja, o contrário da maioria das igrejas que estavam acostumadas com sermões sem vida e frio.

Em 24 de maio de 1738, Wesley deixou registrado em seu diário a experiência religiosa em ter o coração estranhamente aquecido. Essa data é lembrada como um marco para nós metodistas. Isso implica que as ações de Deus estão além das nossas convicções. A igreja precisa estar apta a servir a sociedade e fazer a diferença na mesma. Para isso, é preciso de homens e mulheres com uma visão de Deus, uma visão humanizadora àqueles (as) que sofrem o caos da pobreza e das injustiças sociais.

 

Hoje as igrejas estão preocupadas com seu status e membresia, não se pode esquecer que os propósitos de Deus a se cumprir na vida dessas pessoas menos favorecidas, estão ligados à igreja.

 

O envolvimento do metodismo com as questões da sociedade é uma marca que está na história do surgimento do movimento desde o séc. XVIII. Um dos contextos históricos da Inglaterra foi a Revolução Industrial. E isso, fez com que o trabalho do combate à escravidão e luta por melhores salários, principalmente o apoio às crianças pobres oferecendo o ensino básico, fez com que os metodistas se destacassem.

Por volta do ano 1700 a educação na Inglaterra era privilégio somente de ricos. Por essa razão, John Wesley fundou a Kingswood School em 1748, por entender que o ensino é fundamental na formação de uma sociedade mais justa e igualitária, principalmente às crianças pobres sem condições de estudarem.

 

Várias famílias que foram para a América do Norte, nas 13 Colônias, levaram as práticas do metodismo. Quando eles conquistaram a sua independência política, desvincularam-se da religiosidade exercida na Inglaterra. Logo, foi criada a Igreja Metodista Episcopal, em 1784. Somente após a morte de John Wesley, que a Inglaterra constituiu o metodismo como denominação independente em relação à Igreja Anglicana.

 

O Metodismo na Inglaterra

A primeira coisa a estabelecer é que o Metodismo faz parte integrante do movimento Protestante. Herdeiro da Reforma, mediante a Igreja da Inglaterra, cujos 39 Artigos formam a base dos Artigos de Religião do Metodismo e cuja liturgia (O Livro de Oração Comum) exerceu grande influência na liturgia metodista, o Metodismo aceitou as três colunas principais da Reforma – A autoridade das Escrituras, a Justificação pela Fé e o Sacerdócio Universal dos crentes (que também podemos simbolizar pelos “Três P”, ou seja Palavra, Perdão e Povo).

 

O Metodismo na Inglaterra no tempo de Wesley:

Cinco chaves para compreender nossa herança Metodista

 

Experiência do dia 24 de maio de 1738

 

A famosa experiência de João Wesley numa reunião à Rua Aldersgate, em Londres, a exemplo de Martinho Lutero, na torre de Wittenberg, marcou o clímax de uma longa busca de um relacionamento satisfatório com Deus em Cristo. Qual é o sentido desse evento? Pela descrição do próprio Wesley, os metodistas têm, tradicionalmente, enfatizado o “coração aquecido”. E certamente a emoção faz parte da experiência; afinal, o ser humano não é só cérebro, mas os sentimentos e emoções lhe são molas de ação. Mas uma das coisas mais importantes da descrição do próprio Wesley sobre “Aldersgate” é que houve uma íntima ligação entre a experiência religiosa e a sua doutrina. Uma outra maneira de dizer a mesma coisa seria dizer que a compreensão doutrinária de Wesley (muito embora profundamente fundamentada na Palavra de Deus) surgiu de sua experiência. Teologia, em Wesley, não é algo distante, especulativo, divorciado da vida; pelo contrário, ela nasce da vida religiosa, ou seja, da experiência da salvação. Por isso vale a pena estudarmos o registro de Wesley sobre o que aconteceu no dia 24 de maio. Podemos fazer isso em poucas linhas, mas cada uma poderia fornecer matéria para uma boa discussão.

(1) A experiência de Wesley nasceu da Palavra de Deus. Alguém lia do Prefácio de Lutero à Epístola aos Romanos. Foi no momento que Wesley ouviu da “mudança que Deus opera no coração pela fé em Cristo” que ele experimentou a fé! Confirmou o que Paulo dissera que “a fé é pelo ouvir e o ouvir pela palavra de Deus” (Rm. 10.17).

 

(2) A experiência foi fundamentalmente do Dom da fé. Mas Wesley aprendeu, com Lutero, de que consiste a verdadeira fé – é confiança (não crença). “Senti que confiava em Cristo, Cristo tão somente para minha salvação…”. Fé, então, é confiar a vida nas mãos de Cristo, estabelecer aquele relacionamento pelo qual Cristo se torna Senhor e Salvador pessoal.

 

(3) Com o ato de confiar sua vida a Cristo, estabelecendo um novo relacionamento, Wesley foi perdoado, ou seja, percebeu que Cristo havia tirado seus pecados – não era apenas o cordeiro de Deus, que tira pecado do mundo, mas o Salvador que tirava os pecados de João Wesley.

(4) Daquilo que Cristo lhe fizera, o Espírito Santo testificou, pois no mesmo momento “uma segurança” lhe foi dada de que Cristo havia tirado seus pecados e o havia salvado “da lei do pecado e da morte”.

 

(5) Só? Não, há mais! Wesley diz que começou a orar pelos inimigos e perseguidores! Sem mencionar o Novo Nascimento, Wesley demonstrava nesta nova capacidade de perdoar que Deus não havia apenas lhe perdoado, mas também transformado o seu íntimo. Como os metodistas cantam: “Tu não somente perdoas, purificas também, ó Jesus”.Concluímos, então, que uma das principais características do metodismo wesleyano era, ao invés de teologia especulativa, uma íntima conexão entre a doutrina e a experiência.

 

Evangelização

 

Devemos lembrar que não foi apenas João Wesley que teve uma experiência religiosa transformadora em maio de 1738; Carlos, irmão de João Wesley, também, no domingo anterior, recebera o dom da fé. Carlos traduziu sua experiência, que ocorrera no Domingo de Pentecostes, num hino que lembra as línguas de fogo do primeiro Pentecostes – “Mil línguas eu quisera ter”. em certo sentido, enquanto João viajava por toda a parte proclamando através da pregação as boas novas de vida nova em Cristo Jesus, Carlos, através de 6.500 hinos de sua autoria também evangelizava. Há certas características da evangelização wesleyana que deviam ser notadas: Primeiro, o século XVIII presenciou o nascimento de uma nova classe social, a dos operários.

 

Os primeiros representantes dessa nova classe eram mineiros. Oprimidos pelas longas horas de trabalho árduo e baixo salário, os mineiros não eram levados em conta pela igreja oficial, e poucos deles procuravam a mesma. Foi aos mineiros de Kingswood e Bristol que os metodistas primeiro foram para lhes oferecer vida em Cristo! Mais tarde, com o crescimento das fábricas, os operários e operárias seriam objeto da mensagem metodista e fariam parte integrante da sociedade e partes metodistas. Muito antes da igreja anglicana tomar consciência da própria existência dessa nova classe, os metodistas já lhes ministrava.

 

A segunda coisa a notar é que havia necessidade de descobrirem-se novos métodos e agências para atender a essa nova situação. A pregação ao ar livre provou ser o meio para atingir essa nova classe. George Whitefield e Wesley pregavam aos mineiros ao saírem estes das minas, pois os mineiros não procuravam a igreja. Nas praças de Londres, Bristol e Newcastle, os metodistas ofereciam Cristo ao público atônito com essa inovação! Mais se a pregação ao ar livre provou ser o instrumento, os agentes, muito mais do que ministros ordenados, passaram a ser os pregadores leigos (pregadores sem formação teológica). Desde a pregação do jovem Tomas Maxfield, que trabalhava com Wesley como “filho no evangelho” no seu centro em Londres (a “Fundição”) e que Suzana Wesley considerava tão vocacionado como seu próprio filho João! – pessoas com graça (experiência pessoal de fé), “dons” (capacidade para proclamar claramente as boas novas) e “frutos” (resultados positivos da sua pregação em termos de despertamento e conversão) e que se dispunham a trabalhar nos lugares onde Wesley indicava, mais que se comprometiam a ler pelo menos 6 horas por dia, militavam como profetas (proclamadores) sob a orientação de João Wesley.A terceira coisa a ser notada nesta evangelização metodista é sua estreita ligação com o serviço ao povo e ação social. Talvez baste lembrarmos que a última carta que o velho Wesley escreveu foi endereçada a William Wilberforce, encorajando na sua luta no parlamento inglês contra escravidão.

 

A terceira chave: O povo.

 

Wesley nunca teve a intenção de que o metodismo passasse a ser uma nova igreja, ele pretendia que fosse um movimento em sua amada igreja anglicana (da qual nunca saiu) para seu despertamento e capacitação para o exercício da missão de Deus. A preocupação de Wesley era o POVO. Ele dizia que seus seguidores eram “o povo chamado Metodista”. Já vimos acima que deste povo Wesley conseguiu seus pregadores e pregadoras – pois Wesley permitia que mulheres como Mary Bosanquet pregasse. De Mary, Wesley dizia que sua palavra era tudo “luz e fogo”. Assim Wesley descobriu um modo fácil de expressar a doutrina de Lutero, o “Sacerdócio Universal do Crente”.

Mas a ênfase do povo não pára com a pregação de leigos, por mais importante que fosse: o Metodismo via sua missão como uma realizada pelo povo e em prol do povo. É por isso que nos principais centros do metodismo wesleyano surgiu escolas, orfanatos, ambulatórios, fundos de empréstimo, centro de artesanato etc. Foi por isso que Wesley e os Metodistas lutavam contra a escravidão que degradava e explorava o povo africano. Foi para poder servir o povo que o próprio Wesley procurava ganhar todo dinheiro possível e economizar o máximo – não para ficar rico, mais para ter recursos para “dar tudo possível”. Por isso, já nos seus dias de professor em Oxford, ele havia economizado dinheiro que normalmente teria gasto com carvão para sua lareira. Ele aguentava o frio dos invernos ingleses para ter dinheiro para pagar uma professora de uma classe de moleques pobres da cidade de Oxford.

 

A Quarta chave é a ênfase na Santificação / Perfeição

 

Para Wesley, a santificação é um processo de crescimento em graça que começa no momento que, pela fé, Deus perdoa o pecador arrependido e inicia o processo da sua transformação íntima. A perfeição é um Dom de Deus pelo qual aperfeiçoa sua obra no crente, enchendo-o de amor para com Deus e o próximo. A chave para entendermos a perfeição é o AMOR. Wesley tinha muitos sinônimos para a perfeição, sinônimos estes que não inventou, mas achou na palavra de Deus. Perfeição é pureza de coração, é imitação de Cristo, é comunhão ininterrupta com Deus e com seus propósitos, mas mais do que qualquer outra coisa, é o Amor. O estudo do livro aos Hebreus o convenceu da absoluta necessidade de santidade na vida do discípulo de Jesus.

 

Carlos Wesley ensinou aos metodistas a doutrina através dos seus hinos, poucos dos quais chegaram até nós. Talvez a mais clara expressão da doutrina se encontra no seu hino “amor divino que excede todos os amores” (“grande amor”, nº 293 no HE).

 

“Ó Senhor, que a tudo excedes, dom celeste, Amor sem par,

Vem, coroa os teus favores, entre em nós vem habitar.

Grande Amor, Amor bendito, ó divina compaixão,

Vem, socorre ao que padece, faze nele habitação”

 

Para Wesley, a primeira epístola de João é a melhor do comentário sobre a perfeição cristã. Nesta epístola, a ligação entre o amor e a vida cristã é patente. “aquele que diz que está na luz, mas odeia seu irmão ainda está nas trevas até agora” (2.9). O mesmo autor adverte: “filhinhos, não amemos de palavras nem de língua, mas por ações e em verdade” (3.18), o que muito nos lembra de Tiago que questiona a fé daquele que nada faz em prol do irmão sem roupa nem alimento (2.14-15).

 

Uma Quinta chave é a ênfase missionária do Metodismo Wesleyano

 

Os metodistas definiram sua razão de existência em termos de “Reformar a nação, particularmente a igreja, e espalhar Santidade Bíblica em toda nação”. Acabamos de ver de como serviam impulsionados a levar as boas novas aos operários e aos pobres, geralmente negligenciados pela igreja oficial. Mas havia também algo dentro do metodismo que o fez vencer as barreiras dos mares, pois logo ele é levado espontaneamente, para a Irlanda, Escócia, as Ilhas do Canal, para o continente europeu e para o Novo Mundo – para Antigua no Caribe, para as Colônias que viriam a ser os EUA, para Terra Nova, parte do atual Canadá. Aliás, uma igreja que não é missionária é ou morta ou moribunda.

 

Fonte: Momentos Decisivos do Metodismo

Prof. Duncan Alexander Reily

http://metodista.org.br/index.jsp?conteudo=5884

 

 

História da Igreja Metodista Livre

 

BIOGRAFIA DE BENJAMIN TITUS ROBERTS – FUNDADOR DA IGREJA METODISTA LIVRE

A Igreja Metodista Livre foi fundada em 1860, quando Benjamin Titus Roberts, um pastor da Igreja Metodista Episcopal, não pôde mais servir em conformidade com suas práticas. B.T. Roberts observou que nenhuma igreja deveria apoiar a escravidão, cobrar por assentos, impedir que as mulheres servissem plenamente e sufocar o movimento do Espírito Santo no culto público. Portanto, ele promoveu a liberdade para todas as pessoas, com a abolição da escravidão, assentos gratuitos em todas as casas de adoração, a plena participação das mulheres em todos os papéis na igreja, incluindo o ministério pastoral, e a liberdade para o Espírito Santo agir no culto público, segundo as diretrizes estabelecidas pelo Apóstolo Paulo em 1 Coríntios 14, para que tudo seja feito com ordem e decência, visando a glória de Deus e a edificação espiritual da igreja.


Benjamin Titus Roberts nasceu em 25 de julho de 1823, em Cattaraugus, Nova York, em uma família de cristãos devotos. Desde cedo, Roberts demonstrou uma capacidade notável para os estudos. Com apenas 16 anos, já era professor enquanto estudava Direito.
Um momento crucial em sua vida ocorreu quando sentiu o chamado de Cristo e decidiu render-se incondicionalmente. Esse compromisso trouxe paz e perdão à sua alma, inspirando-o a se preparar para o ministério. Roberts ingressou na Universidade Wesleyana em Middletown, Connecticut, onde experimentou um avivamento espiritual que solidificou ainda mais sua fé e vocação pastoral. Após se formar em 1848, ele conheceu Ellen Lots Stowe e os dois se casaram em maio de 1849, em uma cerimônia que contou com a presença de quatro bispos, refletindo a importância do evento.


Roberts começou seu ministério em Caryville, Nova York, onde, em seu primeiro ano, recebeu 40 novos membros na igreja. Seu primeiro sermão tinha como tema a pureza de coração, baseado em Mateus 5:8, e abordava a necessidade e possibilidade de se alcançar tal pureza. O sermão refletia sua convicção de que a pureza de coração era essencial para ver a Deus e motivava sua congregação a buscar essa pureza.


Ao longo de sua carreira, Roberts foi designado para várias igrejas. Em Pike, enfrentou uma congregação em declínio, mas perseverou e viu renovo ao final do ano. Durante um acampamento espiritual, ele teve uma visão clara de dois caminhos: um de popularidade e outro de pregação da verdade, mesmo com aflição e perseguição. Escolheu o último, reafirmando seu compromisso com a verdade. Em Rushford, um grande avivamento ocorreu sob sua liderança, revigorando a congregação.


Roberts foi ordenado presbítero e transferido para a Igreja Niagara Street em Buffalo, onde enfrentou desafios devido à apatia e carnalidade dos membros. Ele propôs eliminar as dívidas da igreja se os assentos fossem livres para todos, mas a congregação recusou, e o templo foi eventualmente vendido. Em Brockport, mais um avivamento ocorreu sob sua liderança.


Durante seu pastorado em Albion, Roberts publicou um artigo defendendo reformas na igreja, criticando um grupo de ministros do Concílio de Genesee por enfraquecer os padrões metodistas de conduta, espiritualidade e doutrina. Isso resultou em sua denúncia oficial e, eventualmente, sua expulsão do ministério em 1858, após um artigo republicado sem seu consentimento. Apesar do apoio de leigos e do bispo Janes, que via em Roberts um futuro brilhante, ele não foi reintegrado. Em resposta, Roberts fundou uma “igreja livre” em Buffalo.
Em 23 de agosto de 1860, Roberts e outros líderes decidiram organizar a Igreja Metodista Livre durante uma convenção em Pekin, Nova York. A nova denominação cresceu rapidamente, e Roberts, como superintendente geral, guiou a igreja com fervor e compromisso. Ele também era um escritor prolífico, editando a revista The Earnest Christian por 33 anos, utilizando-a para promover suas convicções e guiar seus seguidores.


Roberts se destacou por sua defesa da abolição da escravatura e igualdade racial, utilizando sua influência para promover justiça social. A Igreja Metodista Livre proibiu seus membros de comprar ou vender escravos, e Roberts publicamente protestou contra a falta de educação e oportunidades para os ex-escravos. Durante a Guerra Civil, ele usou sua revista para apoiar e confortar os soldados, sendo a igreja um espaço de avanço social, como visto na resolução do Concílio de Illinois de 1865, que defendia direitos civis iguais para todos.
Roberts também priorizou a educação, doando sua casa para fundar o Seminário Chili, que mais tarde se tornaria a Faculdade Roberts Wesleyan. Ele incentivou a formação intelectual dos pregadores, acreditando que era dever do cristão trabalhar e orar, destacando a importância de uma vida equilibrada entre fé e ação.


Ele foi um líder visionário, defendendo a ordenação de mulheres pastoras, tornando a Igreja Metodista Livre pioneira nesse aspecto. Na sua abordagem à doutrina da santidade e à vida cristã, seguiu a tradição de John Wesley, enfatizando que, embora imperfeito em conhecimento e realizações, o cristão pode ser perfeito no amor. A vida e o trabalho de Roberts refletiram essa crença profundamente.
Durante os 33 anos de liderança de Roberts, de 1860 a 1893, foram organizadas 29 concílios anuais metodistas livres, e sua influência perdurou por gerações. Em 1910, o Concílio de Genesee reconheceu a injustiça cometida contra Roberts, restaurando os pergaminhos de ordenação ao seu filho, Benson H. Roberts, 17 anos após a morte de seu pai.


Em 1893, aos 69 anos, Benjamin Titus Roberts sofreu um ataque cardíaco e faleceu, deixando um legado de fé, justiça social e compromisso com a verdade. Suas últimas palavras foram: “Louvado seja o Senhor! Amém!” Sua vida e obra continuam a inspirar a Igreja Metodista Livre e seus membros.

 

REFERÊNCIAS

    •    Baker, Lethea H. Benjamin Titus Roberts: Founder of the Free Methodist Church. Indianapolis, IN: Light and Life Press, 1955.
    •    McNeal, L. Raymond. The Life and Works of Benjamin Titus Roberts. Winona Lake, IN: The Free Methodist Publishing House, 1955.
    •    Allen, Ray D. A Century of the Genesee Annual Conference of the Methodist Episcopal Church. Rochester, N.Y.: By the author, 1911.
    •    Marston, Leslie R. From Age to Age a Living Witness: A Historical Interpretation of Free Methodism’s First Century. Winona Lake, IN: The Free Methodist Publishing House, 1960.
    •    Roberts, Benjamin Titus. Why Another Sect. Chicago, IL: Free Methodist Publishing House, 1879.
    •    Wellman, Judith A. Grassroots Reform in the Burned-over District of Upstate New York: Religion, Abolitionism, and Democracy. New York: Garland Publishing, 2000.
    •    Roberts, Benjamin Titus. Fishers of Men. Rochester, NY: Earnest Christian Publishing House, 1878.
    •    Watson, Philip S. Let the Church be the Church: The Twenty-Five Year Story of Free Methodism in Latin America. Winona Lake, IN: The Free Methodist Publishing House, 1960.


Origem da Igreja Metodista Livre

A Igreja Metodista Livre surgiu como um movimento apostólico para alcançar e transformar o mundo fazendo discípulos e multiplicando líderes. Não pregamos apenas a salvação das almas, mas também a transformação dos indivíduos e da sociedade (santidade e justiça pessoal e social). “Oração e ação por um mundo melhor”.

 

A Igreja Metodista Livre surgiu em 23 de agosto de 1860, em Genesee, estado de Nova York, EUA. O grupo presente à fundação era composto de 15 pastores e 80 leigos que clamavam contra a falta de espiritualidade e as injustiças sociais de seu tempo, enquanto buscavam preservar o ensino da santidade conforme ensinou o Rev. João Wesley, grande avivalista do século XVIII e precursor do movimento Metodista.

 

Desde o início foram tomadas atitudes firmes e corajosas pelos fundadores para possibilitar um testemunho fiel, verdadeiro e santo. Foram adotadas regras proibindo que os membros comprassem, vendessem ou possuíssem escravos. Foi dada a oportunidade para que leigos participassem na pregação, testemunho, exortação, cânticos e expressões de louvor durante o culto – coisa impensada na época. Insistiu-se que a liberdade na adoração fosse mantida sob a inspiração e controle do Espírito Santo. Determinou-se que nenhum banco da Igreja fosse alugado, como era comum naquela época. Esta atitude deu liberdade e incentivo para que os pobres participassem dos cultos.

Foi proibido aos membros participar de sociedades que exigissem votos de sigilo, como a Maçonaria, pois os metodistas livres preferem manter-se livres para seguir a vontade do Senhor em tudo.

 

O principal líder da fundação da IMeL, Rev. Benjamim Titus Roberts, organizou fazendeiros em espécies de sindicatos/cooperativas, a fim de que eles conseguissem ter os mesmos direitos das grandes corporações. Ele também escreveu um livro sobre administração econômica para benefício das pessoas comuns.

 

Logo de início foram criados lares para: idosos, órfãos e crianças abandonadas; um hospital e uma casa de auxílio a mães solteiras – sempre procurando levar tanto a palavra de salvação como o cuidado amoroso do evangelho verdadeiro. E, para garantir a expansão do ensino, do evangelismo e da educação cristã, foram criados vários colégios, além de seminários e uma editora para imprimir nossos livros, periódicos, literatura e o currículo para a Escola Dominical, tudo isto nos Estados Unidos.

 

Um reconhecimento sem precedentes foi dado aos direitos femininos, tratando-se as mulheres como elas merecem: com igualdade. Pois Cristo mesmo restaurou a relação original de igualdade dos sexos. Fomos uma das primeiras denominações a admitir mulheres nas esferas de comando da Igreja, inclusive como pastoras!

 

O zelo evangelístico marcou o avivamento que a IMeL implementou em meio ao Movimento de Santidade. Aliado ao zelo evangelístico, não se desprezou a principal ênfase doutrinária do metodismo histórico: a experiência da inteira santificação que promove a santidade cristã de coração e de vida prática, atingível nesta vida e extensiva a todos os cristãos. E isto não foi só uma forma de doutrina apenas de palavras, mas os metodistas livres adotaram para si mesmos regras de conduta que demonstravam os resultados de um coração purificado, de crescimento espiritual constante e de vida disciplinada.

 

Herança e Perspectiva Histórica

 

Os Metodistas Livres consideram a história da Igreja registrada no Livro de Atos e os outros escritos do Novo Testamento como sua principal herança. Geração após geração tem nestes registros sua maior fonte de orientação e renovação. Os cristãos lutaram através dos séculos com questões antigas e contemporâneas, da mesma forma que o fazemos agora. A história da Igreja como um todo nos é instrutiva. Os Metodistas Livres são fruto de uma linhagem evangélica que pode ser assim resumida: sua herança espiritual se origina de homens e mulheres de profunda piedade pessoal em todas as épocas, que mostraram que é possível manter o calor do fervor espiritual em meio ao paganismo, apostasia e eventual corrupção da Igreja organizada. A linhagem da Igreja Metodista Livre se inicia com o povo de Deus no Antigo e Novo Testamentos e inclui as influências e contribuições de uma multidão de movimentos de renovação no cristianismo ocidental: John Wycliff e os morávios alemães (de quem Wesley aprendeu o conceito de “testemunho do Espírito”); a Reforma Protestante do século XVI com os seus muitos movimentos de renovação que mutuamente se equilibravam, e entre eles as “corretivas arminianas” (que ensinam que a salvação em Cristo é para toda a humanidade, sem limitações, mas que deve ser livremente escolhida); a tradição católico-anglicana; a influência puritana inglesa; a tradição Metodista; e o poderoso Movimento de Santidade do século XIX. Deus utilizou esses e outros ao longo das eras para fazer o imutável evangelho cristão conhecido mais claramente.

 

Resumindo, os Metodistas Livres identificam-se com a corrente central da história da Igreja cristã, mantendo ao mesmo tempo ênfases evangélicas e espirituais distintas. As contribuições advindas da história da Igreja podem ser assim detalhadas: a herança da Reforma Protestante se reflete no nosso compromisso com a Bíblia como a suprema regra de fé e prática, e na salvação pela graça através da fé. A herança católico-anglicana aparece em nossa consideração com a ordem na Igreja e na apreciação da forma litúrgica. Nossa ênfase nos aspectos essenciais da fé nos dá abertura diante de diferentes visões em questões como modos de batismo e o milênio. A herança Metodista é manifesta nos interesses teológicos, eclesiásticos e sociais expressos pelo Reverendo John Wesley e seus associados no século XVIII e reafirmados através do Movimento de Santidade do século XIX.

 

Teologicamente, os metodistas livres abraçam a afirmação Armínio-Wesleyana do amor salvador de Deus em Cristo. Através da graça preveniente, Ele procura trazer todo indivíduo para Si mesmo, mas concede a cada um a responsabilidade de aceitar ou rejeitar essa salvação. A salvação é um relacionamento vivo com Deus em Jesus Cristo, dando ao crente a posição legal de justiça e, portanto, dá a certeza da salvação a todos os que continuam em comunhão com Ele. Junto com a ênfase arminiana na oferta universal da salvação, John Wesley redescobriu o princípio de certeza da salvação mediante o testemunho do Espírito Santo. Ele declarou uma confiança bíblica no Deus que é capaz de limpar os corações dos crentes do pecado aqui e agora pela fé, de enchê-los do Espírito Santo e de capacitá-los para cumprir a Sua missão no mundo. John Wesley escreveu sobre ele mesmo e seu irmão Charles: “Em 1729 dois jovens na Inglaterra, lendo a Bíblia, perceberam que não poderiam ser salvos sem santidade, foram atrás dela e incentivaram outros a fazerem o mesmo. Em 1737 eles perceberam que as pessoas são justificadas antes de serem santificadas; porém, a santidade é o seu objetivo. Deus então os impeliu a levantar um povo santo”. Eclesiasticamente, a organização Metodista Livre foi herdada da Igreja Metodista. Linhas de responsabilidade ligam ministérios locais, distritais, conciliares e denominacionais. Pequenos grupos de crentes prestam contas mutuamente para crescerem na vida e serviço cristãos. Os Metodistas Livres se interessam pela Igreja toda e não apenas pela sua congregação local. Eles valorizam a liderança de bispos, superintendentes, pastores e líderes leigos que oferecem conselho e direção para a Igreja. Nascidos numa época em que o governo representativo se desenvolvia nas sociedades livres, os fundadores da Igreja Metodista Livre reafirmaram o princípio bíblico do ministério leigo. Os Metodistas Livres reconhecem e credenciam pessoas sem ordenação para ministérios específicos. Eles determinam que a representação leiga seja igual a dos pastores nas Comissões e Juntas da denominação. Socialmente, desde seus primeiros dias, os Metodistas Livres possuem uma consciência despertada, característica do movimento wesleyano primitivo. A sua atuação aberta contra a escravidão e o preconceito de classes, visto no aluguel de bancos na Igreja para os ricos, demonstrou o espírito do verdadeiro Metodismo. Embora as questões mudem, a consciência social sensível permanece, comprovada pela contínua participação ativa nos assuntos sociais atuais. Durante o século XIX, o Movimento de Santidade, surgido no Metodismo norte-americano e que se propagou por outras nações e denominações, convocou os cristãos a níveis mais profundos de relacionamento com Deus e a um maior interesse nas necessidades da humanidade sofrida. Nesse contexto, o Reverendo Benjamin Titus Roberts e outros pastores e leigos do Concílio de Genesee da Igreja Metodista Episcopal no oeste do estado de Nova York, levantaram um protesto contra o liberalismo teológico, o fraco compromisso com questões sociais urgentes e a perda do fervor espiritual.

 

Entre 1858 e 1860, vários desses líderes foram excluídos da Igreja Metodista Episcopal sob diversas acusações e alegações. Na realidade, a questão principal era a sua proclamação dos princípios básicos do Metodismo, especialmente a doutrina e a experiência da inteira santificação. Apelos feitos no Concílio Geral de maio de 1860 foram negados. Os excluídos não puderam unir-se a nenhum outro grupo Metodista, pois não havia nenhum que concordasse com eles nas questões que causaram a sua exclusão. Portanto, a Igreja Metodista Livre foi organizada numa convenção de leigos e pastores reunidos em Pekin, comarca de Niágara, estado de Nova York, em 23 de agosto de 1860. O primeiro Concílio Geral realizou-se na segunda quarta-feira de outubro de 1862, em Saint Charles, estado de Illinois, Estados Unidos.

 

A Igreja Metodista Livre, desde seu início, expande-se ao redor do mundo através do esforço missionário, do desenvolvimento de mais Concílios Gerais e de uma organização coordenadora mundial. Necessidades das Pessoas Os Metodistas Livres se entregam à tarefa de compreender as necessidades mais importantes das pessoas, instituições e culturas diversas para poderem ministrar significativa e redentivamente a elas. Na oração sumo-sacerdotal de Jesus Cristo, Ele chama os crentes a viverem nesse mundo ativa e inteligentemente, para que o mundo possa ser levado tanto a “conhecer” como a “crer” n’Ele. Os Metodistas Livres estão cientes das forças demoníacas no mundo, que humilham as pessoas, pervertem o bem e levam pessoas e instituições à ruína. Eles procuram ajudar as pessoas restaurando seu valor pessoal numa época de despersonalização cada vez maior. Os Metodistas Livres abertamente reprovam qualquer elemento na lei, nas pessoas ou nas instituições, que viole a dignidade das pessoas criadas à imagem de Deus. Eles estão engajados em aproveitar todas as oportunidades como indivíduos, Igrejas locais, Concílios e denominação, para ministrarem ao mundo a cura e a ajuda redentiva.

 

A Igreja Metodista Livre foi organizada em Pekin, Nova York, em 1860.  Os fundadores haviam sido membros da Igreja Episcopal Metodista, mas foram excluídos de seus membros por advogarem com muita sinceridade o que viam como doutrinas e usos do autêntico Metodismo Wesleyano. Sob a liderança do Rev. Benjamin Titus (B. T.) Roberts, formado pela Universidade Wesleyana e um pregador capaz e eloqüente, o movimento se espalhou rapidamente. Sociedades foram organizadas, igrejas construídas e o trabalho estabelecido. 

 

Na sessão de 1910 da Conferência Geral da Igreja Metodista em Rochester, Nova York, um reconhecimento completo foi feito a Roberts feito cinquenta anos antes, e as credenciais injustamente tiradas dele foram restauradas em uma reunião pública para seu filho, Rev. Benson Roberts. 

 

Antes da fundação da igreja, Roberts começou a publicação de um jornal mensal, The Earnest Christian. Em 1868, o Metodista Livre (agora Luz e Vida) foi iniciado. Uma editora foi criada em 1886 para produzir livros, periódicos e currículo e literatura da escola dominical. 

 

O nome "Metodista" foi retido para a igreja recém-organizada porque os fundadores achavam que seus infortúnios (expulsão da Igreja Episcopal Metodista) haviam chegado a eles por causa de sua adesão às doutrinas e padrões do Metodismo. A palavra "Livre" foi sugerida e adotada porque a nova igreja era anti-escravidão. Em seguida, os bancos deveriam ser gratuitos para todos, em vez de serem vendidos ou alugados (como era comum), de modo a fornecer acesso total aos pobres. A nova igreja esperava a liberdade de culto no Espírito Santo, em oposição a uma formalidade sufocante. [10] Um quarto princípio era a "liberdade" das sociedades secretas e juramentadas (em particular a Loja Maçônica), de modo a ter total lealdade a Cristo. Quinto foi a "liberdade" do abuso da autoridade eclesiástica (devido à ação do bispo em permitir a expulsão de 120 clérigos e leigos). Finalmente, foi a "liberdade" de experimentar a transformação na santificação por meio do Espírito Santo, devido à consagração e fé pessoais, versus apenas "gestão do pecado" ou crescimento gradual após a justificação.

 

Os conservadores da santidade da Igreja Metodista Livre deixaram de formar a Igreja Metodista Livre Reformada em 1932, a Igreja da Santidade Unida em 1966 (que se juntou à Conexão Metodista Bíblica das Igrejas em 1994) e também a Igreja Evangélica Wesleyana em 1963. 

 

A sede da Metodista Livre foi localizada em Winona Lake, Indiana, até 1990, quando a denominação mudou sua sede para Indianapolis. 

 

História da Igreja Metodista Livre no Brasil



 

Em 1928, o pastor japonês Massayoshi “Daniel” Nishizumi, vendo tantos japoneses emigrando para o Brasil, resolve vir também e evangelizar seus patrícios. No entanto, naquele momento nem a Junta Missionária americana nem a Igreja no Japão podiam oferecer apoio financeiro. Então, impelido pelo Espírito Santo, o Pr. Nishizumi resolveu vir com recursos próprios, contando apenas com o apoio de Eva Millikan, uma missionária radicada no Japão desde a morte de seu marido, que havia evangelizado e patrocinado a formação pastoral de Daniel Nishizumi.

 

Antes do pastor Nishizumi, outro metodista livre japonês, colportor da Sociedade Bíblica do Japão, veio para o Brasil em 1927, era Yoshitaru Fujita. Mais tarde vieram também Yoshikazu Wada e o coreano Shoh Koh Cho, para ajudarem o pastor Nishizumi. Seiiti Simizu e Sukeiti Ono vieram em resposta à um apelo de Nishizumi, que fora ao Japão e solicitara missionários ao Brasil. Em 1934, Hiroyuki Hayashi vem ao Brasil com a família e se estabelece na Amazônia. Lá contraiu malária e foi “obrigado” a vir para São Paulo, onde se fixou como dentista. E, por “coincidência”, recebe como cliente um certo dia a Daniel Nishizumi.

 

Só que neste momento, o Pr. Nishizumi estava desmotivado para continuar o trabalho missionário, devido a falta de apoio de seus superiores e já não tinha tanta convicção de que devia organizar uma Igreja. Após um longo tempo de orações e de insistência por parte do Dr. Hayashi, em 01.11.1936, todos os metodistas livres japoneses das famílias Yamada, Katayama, Maruyama, Watanabe e os missionários citados acima, iniciaram oficialmente um trabalho metodista livre, no refeitório do consultório dentário do Dr. Murakami, amigo do Dr. Hayashi, à Rua Conde de Sarzedas, 40. Assistiram ao culto 21 pessoas. A partir de então, Deus foi abençoando e muitas vidas foram ganhas entre os imigrantes japoneses.

 

Em 1935 os pastores Daniel Nishizumi e José Emílio Emerenciano, da Igreja Holiness, se conheceram e se tornaram grandes amigos. O Pr. Emerenciano passou a acompanhar os encontros do Rev. Nishizumi com os missionários americanos, atuando como intérprete, pois falava tanto o inglês como o japonês.

 

Estiveram no Brasil em 1940 os missionários E.E. Shelhammer, B.H. Pearson e o Secretário Executivo da Junta Missionária, Pr. H.T. Johnson. Mais tarde o Pr. H. T. Johnson volta ao Brasil trazendo o Bispo Mark Ormüston e Rev. Byron Lamson, os quais visitaram as regiões do Jabaquara, Moema e Santo Amaro acompanhados dos pastores Nishizumi e Emerenciano e também de Dona Irene, para fazerem planos quanto ao futuro do trabalho entre os brasileiros. A Igreja Metodista Livre tinha nesta ocasião 60 membros.

 

No entanto, estoura a 2a Guerra Mundial e os projetos ficam parados devido a dificuldade de fazer reuniões com os japoneses, cujo país agora era inimigo de Estados Unidos e Brasil.

 

Em 1945 o trabalho só entre japoneses chega a 80 membros. Em 1946, acabada a Segunda Guerra Mundial, o Bispo Ormüston retorna ao Brasil, por volta do mês de março, acompanhado do então Secretário Executivo da Junta Missionária, Pr. Byron Lamson. Foram feitos planos para enviar missionários americanos a São Paulo e estabelecer o escritório da Missão Metodista Livre. Em contato com Nishizumi e Emerenciano, eles decidem convidar o Pr. Emerenciano para que este abra um trabalho entre os brasileiros, ao que ele aceitou prontamente. Para ajudá-lo, vêm para o Brasil em junho de 1946 as missionárias Lucile Damon e Hellen Voller. A srta. G. Lucile Damon foi a tesoureira da missão e teve como sua principal responsabilidade trabalhar na nova Igreja a ser organizada entre os brasileiros, ficando encarregada do trabalho com crianças e jovens. Helen L. Voller representou a autoridade da missão nos métodos e materiais de flanelógrafo, pois possuía uma excelente coleção de histórias para flanelógrafo. Ela adaptou a coleção com grande sucesso e treinou brasileiros para utilizá-las. Muitos pastores nikkeis e suas esposas se tornaram hábeis no uso do flanelógrafo. Esse método atraía grande assistência nas escolas dominicais, cultos públicos, Escolas Bíblicas de férias, cultos ao ar livre e cultos em lares.

 

Em meio a todo este movimento ocorre a súbita morte do Rev. Massayoshi Nishizumi, atropelado ao descer do bonde no dia 26 de junho de 1946.

 

Em 07 de setembro de 1946 foi iniciado o trabalho metodista livre na casa do Pr. Emerenciano, à Rua dos Jacintos, 43, Vila Mariana. Mais tarde, a Missão Metodista Livre comprou um terreno na Rua das Rosas, Mirandópolis, escolhido pelo Missionário Harold Ryckman e pelo Pr. Emerenciano, embora seja todo de Lucile Damon o crédito pela negociação para a aquisição dessa propriedade. O Rev. Harold Ryckman era um excelente construtor e, embora morasse no Paraguai supervisionou a construção do prédio de escritórios. Ele era o superintendente do trabalho missionário Metodista Livre na América do Sul, dividindo seu tempo entre o Brasil e o Paraguai.

 

Terminada a construção, foi organizada oficialmente a primeira Igreja Metodista Livre entre os brasileiros. A partir de então, a Igreja Metodista Livre cresce muito, nas duas alas: japonesa e brasileira. Em 1947 ocorreu um grande avivamento espiritual entre pastores e leigos. Nas reuniões de oração as pessoas ficavam cheias do Espírito Santo, recebendo a inteira santificação.

 

Em 1948 o trabalho é organizado como “Concílio Missionário Brasileiro”. Neste mesmo ano chega ao Brasil o casal de missionários James e Mary Junker. E o prédio em Mirandópolis é concluído e os cultos passam a ser realizados ali.

 

Vários missionários americanos começam a chegar para auxiliar no trabalho de divulgação do evangelho no Brasil. Em 1950 chega o casal Harold e Evely Ryckman, e Donald e Elda Bowen.

 

Em 1952 a missão compra um terreno em Mairiporã para ali instalar a nossa Faculdade, visto que os candidatos ao ministério estavam sendo formados nas Faculdades da Igreja Metodista do Brasil e da Igreja Presbiteriana Independente. Com isso o Rev. Ryckman passa a residir em São Paulo para dar início à construção dos prédios.

 

De 46 a 53 há um extraordinário crescimento de 270%, chegando-se a 295 membros. Em razão do crescimento, em 1954 foi organizado o “Concílio Provisional da América do Sul”, com a presidência do Secretario da Missão para a América Latina, Rev. Edmur Snyder. Este novo Concílio Provisional envolvia as alas japonesa e brasileira, no Brasil, e os trabalhos no Paraguai. Neste mesmo ano inicia-se a construção do prédio para uma escola, em Mirandópolis.

 

Em setembro de 1955 chegou o casal Carol Wesley e Mary King. Eles passaram o primeiro ano em Campinas, estudando língua e cultura brasileiras.

 

De 80 membros em 1945, chegou-se a 1955 com 1.700 membros – 1.125% de aumento em 10 anos, uma média de 112,5% ao ano! Esse período de crescimento se estendeu até 1966.

 

Em 1956 o prédio da Escola Americana é concluído e suas aulas têm início sob a direção da missionária Helen Voller. Nesse mesmo ano se iniciam, em caráter provisório, as aulas da Faculdade de Teologia nas dependências da Escola Americana.

 

Em 1957, terminada a construção dos prédios em Mairiporã, é fundada a “Faculdade de Teologia da Igreja Metodista Livre”, tendo o missionário Donald Bowen como Reitor e o Rev. King como Deão, os King também foram dar aulas no recém-formado Seminário. Logo viram a necessidade de ter uma Igreja Metodista Livre na cidade católica de Mairiporã, pois ali tinha apenas uma Congregação Cristã do Brasil e nenhum outro grupo evangélico. O Concílio os designou para plantar uma Igreja em Mairiporã em 1958. Começaram os cultos num cinema desocupado após alugar e reformar o prédio: domingo de manhã em japonês e à noite em português.

 

Neste ano (58) chegam os missionários Clarence e Elizabeth Owsley, os primeiros missionários evangelistas da Missão no Brasil, vindos da Sociedade Missionária Oriental. Foram designados para a Igreja de Mirandópolis no ano de 1959, desenvolvendo cultos ao ar livre (Praça da Árvore) nos domingos e visitas nos lares. Em seu ministério ali viu a conversão dos jovens Expedito Vicente Calixto e Marlene Obara – que ainda não era casada com o Dr. Obara.

 

Em 16 de julho deste ano (58) chegam os missionários Clancy Thompson e sua esposa Doris. Vieram de navio, o USS Argentina. Até setembro de 1959 permaneceram na Escola de Língua e Orientação, em Campinas.

 

Em 1959 os King levantaram dinheiro e compraram um terreno espaçoso com lojas na praça principal bem na entrada da cidade de Mairiporã. Foi uma luta conseguir o direito de limpar uma parte do terreno a fim de construir um salão adequado. Os irmãos organizaram a Igreja em agosto deste ano com 13 membros: 10 japoneses, 1 brasileiro e 2 americanos. Mais tarde o templo definitivo foi construído.

Ainda em 1959 chegam os missionários Roy Kenny e sua esposa Doris. Na verdade, os Kennys chegaram ao Brasil em outubro de 1955, como missionários da Igreja do Movimento de Santidade. Foram trabalhar em São José do Rio Preto e Neves Paulista. Em 1959 sua Igreja uniu-se à Metodista Livre e o casal permaneceu em Neves Paulista recebendo ajuda de uma jovem metodista livre chamada Midori Ono. Em seu ministério em Neves Paulista a família do Luís Roberto da Silva, atual Coordenador Administrativo da Faculdade, se converteu – o Luís tinha uns 12 anos na ocasião.

 

Em 1960 os Owsleys foram designados para trabalhar em Neves Paulista, onde pregavam nos sítios e moradias de trabalhadores dentro das fazendas de café. O Pr. Owsley chegava a pregar quatro vezes no mesmo dia. E a Dona Beth dava aulas de religião numa escola pública para uma classe de 20 a 30 alunos, que depois chegou a 70 e, por fim, todas as crianças da escola, os professores e funcionários estavam assistindo. Por duas ou três vezes eles apresentaram a palavra de Deus com slides para uma assistência de 400 pessoas.

Enquanto isto os Thompsons trabalhavam em Atibaia, com jovens da Cooperativa Japonesa daquela cidade, dando aulas de religião no Ginásio Estadual e no Grupo Escolar, dirigindo estudos bíblicos em casa com os estudantes do Ginásio, ajudando na Escola Americana em Mirandópolis.

 

De janeiro de 1961 a dezembro de 1962 o Pr. Thompson pastoreou Mairiporã, administrou a propriedade da Faculdade e deu aulas na mesma. Enquanto isto os Kennys retornam dos Estados Unidos e iniciam um trabalho no Rio de Janeiro, no Meyer.

 

Em 1962 chegam os missionários James Mannoia e sua esposa Florence. O Rev. Mannoia serviu como Reitor do Seminário e ajudou a iniciar a ala em português do Concílio Nikkei. Trabalhou no estabelecimento da IMeL de Santo Estevão, em Diadema. Permaneceu no Brasil até 1970, quando voltou aos Estados Unidos.

 

Os Kennys, em 1963, foram designados para Vila Galvão, Guarulhos, construindo o Templo e salas para a Escola Dominical e iniciando o trabalho em Jardim Pinhal, usando a casa do Pr. Mário Adachi, que na ocasião era novo convertido. Após alguns meses, uma tenda de lona foi montada no quintal do casal Tereza e Luís Pires, o qual também se tornou pastor e hoje já está na glória. Em sua casa ministraram os missionários Roy Kenny, James Manoia e Lucile Damon, que se admiraram da iniciativa, considerada arrojada naquele momento. Com o progresso do trabalho, os missionários Roy Kenny e Lucile Damon decidiram construir o “tabernáculo” num terreno emprestado pela Prefeitura, onde hoje é a Praça do Povo. No momento da montagem do tabernáculo contaram com a ajuda do missionário Clancy Thompson. Durante o ano de 1963 o Pr. Roy Kenny acumulou a função de Superintendente da ala brasileira.

 

Ainda em 1963, o trabalho do Rio de Janeiro foi passado para a Igreja Metodista Ortodoxa. E em Mairiporã um tabernáculo foi erigido – o primeiro de uma série de tabernáculos portáteis que eram usados para iniciar novas Igrejas. O Sr. Roy Kent e sua família foram recebidos em Mairiporã para ajudar na construção do tabernáculo.

 

Em 1964 o Concílio Provisional da América do Sul é elevado a “Concílio Anual Sul-Americano”, ainda com as 3 alas. O Rev. Clancy Thompson era Superintende da ala brasileira neste ano. Saímos 50 membros em 1955 para 359 membros em 1964 – um índice de 600% de crescimento.

 

Foi em 1964 que surgiram as Igrejas de Cidade Ademar, Jardim Pinhal, Rio Preto e Vila Bonilha e trabalharam juntos construindo e instalando os tabernáculos nestas Igrejas os missionários Roy Kenny e Clancy Thompson. O Pr. Thompson ainda auxiliou o Sr. Roy Kent com os tabernáculos para Vila Gustavo e Vila Sabrina. O Pr. Thompson, profissionalmente, era um marceneiro muito hábil, por isso teve grande participação na construção e instalação dos tabernáculos. Em 23.08.1964 a IMeL de Pinhal foi organizada com 20 membros, hoje com 207 membros, 5 ministros leigos, um pastor de tempo integral e mantenedora de uma ONG, a Sociedade Família Cristã, fundada no ministério do Pr. Manoel Roberto Olívio e sua esposa Maria de Lourdes. Estiveram presentes na organização da Igreja de Pinhal os missionários Clancy Thompson, superintendente do Concílio Anual Sul Americano, e Roy Kenny, pastor da Igreja-mãe, Vila Galvão.

 

Foi em 1965 que a IMeL no Brasil recebeu a visita da Equipe VISA dos Estados Unidos pela primeira vez.

 

Devido a dificuldades de autonomia num concílio com três idiomas e culturas diferentes, é solicitado o desmembramento, o qual foi concedido. Então, em janeiro de 1966, sob a presidência do bispo Paul N. Ellis, foram organizados: o “Concílio Anual Paulista” e o “Concílio Anual Nikkei”, no Brasil, e o Concílio Provisional Paraguaio. Cada qual passou a seguir o seu caminho, com estruturas próprias. O Concílio Nikkei iniciou esta nova fase com 1.511 membros e o Paulista, com 318 membros.

 

Em 1966 a IMeL entra em nova fase. Com a separação das duas alas, cada Concílio procurou se desenvolver em sua área de atuação. O Rev. João Mizuki foi eleito o Superintendente do Concílio Paulista nesta fase de transição e de novidades.

Em 1967 o Rev. Thompson voltou a ser o Superintendente, permanecendo ainda em 69.

 

No ano de 1968 Howard e Janice Snyder chegam ao Brasil, ficando até 69 em Campinas estudando o português, vindo em seguida para São Paulo. Passaram a morar na casa que faz parte do prédio da Faculdade, e o Pr. Snyder dava aulas na Faculdade e atuava como deão. Também trabalhou como pastor assistente em Cidade Ademar, entre 69-70, e em Jardim Pinhal em 73 e 74. Mas sua estada no Brasil terminou em 1975. Embora tenha estado pouco tempo no Brasil, este período foi importante no seu desenvolvimento teológico e no principal interesse de estudo que são os movimentos de renovação da Igreja. Foi aqui no Brasil que ele completou seu famoso livro “Vinho Novo e Odres Novos”.

 

Em 1968 foi comprada a propriedade da Rua Domingos de Morais para a Faculdade de Teologia.

Em 1970 as Igrejas de Cidade Ademar e de Mirandópolis, esta pastoreada pelo Pr. Thompson, iniciaram o trabalho em Jardim Rey, comprando o terreno e construindo o primeiro templo.

 

Também em 70 o já Concílio Paulista designa os Kings novamente para Vila Bonilha. A Igreja tinha comprado um terreno e erigido um tabernáculo. Como a Igreja começou a crescer rapidamente, entenderam que Deus os estava guiando a comprar o terreno na esquina acima da Igreja. Fizeram isto e mandaram fazer o desenho do novo templo.

 

Neste mesmo ano o Rev. Harold Ryckman retorna ao Brasil. Como ficara viúvo, ele retorna após segundas núpcias com a missionária Lucile Damon. O trabalho deste casal seria para auxiliar na direção da Faculdade e na liderança do ainda jovem Concílio Paulista.

Em janeiro de 1971 o casal Thompson volta para os Estados Unidos e pastoreiam a IMeL de Clarkston, Michigan, por 15 anos e dois meses. Mas eles voltariam! Para compensar esta saída, chegam ao Brasil o casal Douglas e Elizabeth Smith. Este casal se notabilizou pela integração junto ao povo brasileiro, desenvolvendo um bom ministério de ensino. O Pr. Douglas Smith foi Superintende do Conbras e professor e Reitor da Faculdade de Teologia e a Dona Beth foi Presidente da Federação Feminina por vários anos. Foram também os fundadores da Igreja do Aeroporto.

 

É em 1971 que o Concílio Paulista muda de nome para Concílio Brasileiro, profetizando seu caminho em expandir a obra metodista livre para todo o território nacional. Assim o primeiro Superintendente do ConBras foi o missionário Harold Ryckman.

 

Em janeiro de 1972 começam a construção do templo de Vila Bonilha com a ajuda da equipe VISA. O Rev. José Emerenciano era pastor assistente do Pr. King e o casal Emerenciano ajudaram bastante neste projeto. O novo templo em Vila Bonilha foi dedicado pelo Superintendente, Expedito Vicente Calixto, em julho de 1972. Após esta realização, ainda em 72, os Kings pediram uma licença à Junta Missionária para lecionar Educação Cristã na Universidade de Asbury, em Wilmore, Kentucky, por motivos familiares.

Após o desmembramento das alas japonesa e brasileira em 1966, a ala brasileiro desenvolveu um rápido crescimento: de 318 membros, chegamos a 1973 com 646 membros (101% de crescimento), e três novas Igrejas foram organizadas.

 

De 1974 a 1975 o casal Owsley serviu ao Senhor na IMeL de Vila Morais quando ela ainda se reunia em um dos tabernáculos portáteis. A Igreja era composta em 97% de jovens muito animados. Ao entregar o pastorado ali para o Pr. Expedito, o Pr. Clarence falou da visão que tivera: a chegada de caminhões de tijolos e material de construção para levantar um novo templo. E Deus cumpriu a visão!

 

Em 1976 o Pr. Clarence Owsley cooperou por seis meses em Cidade Ademar e Jardim Rey. Nos domingos à tarde era realizada a Escola Dominical em Jd. Rey com 20 a 25 alunos. Havia na vizinhança um centro de culto afro que começavam tocar seus tambores exatamente na hora da Escola Dominical. O pastor reuniu a congregação para orar e dentro de poucas semanas Deus atendeu: o barulho desapareceu!

Após os seis meses em Cidade Ademar, os Owsleys foram para os Estados Unidos. Chegando lá levaram à Igreja de Wilmore, Kentucky, um pedido especial de oração: que Deus levasse de volta o Pr. King e a Dona Mary ao Brasil, pois entendiam que isto era o melhor para a obra naquele momento. A resposta de Deus não se fez demorar.

 

No verão do mesmo ano, o Departamento de Missões Mundiais, pediu ao Rev. King para visitar o Brasil e cuidar de alguns assuntos legais para a Missão por três meses. Nesta curta visita, ele falou no seminário e visitou várias das nossas Igrejas e percebeu quão desanimados os pastores estavam com a falta de crescimento no ConBras. Ao voltar ao EUA o Rev. King enviou um relatório ao Dr. Charles Kirkpatrick, Diretor de Missões, sobre o que tinha visto. No ano seguinte (1977), o Dr. Kirkpatrick convidou o casal para voltar ao Brasil como missionários de carreira. Então, como Neemias fez diante do Rei Artaxerxes, o Rev. King pediu permissão para trabalhar com a Igreja nacional implementando um Plano Qüinqüenal de Evangelismo, Discipulado e Fundação de Novas Igrejas que Deus tinha lhe dado em oração, no que foi atendido.

 

O que o Pr. King verificou se confirma nos registros históricos. De 73 a 76 o trabalho metodista livre passa por tempos difíceis. Nenhuma Igreja é organizada, há problemas entre os missionários americanos e a liderança nacional. No Concílio Brasileiro há uma queda na membresia de 24% em quatro anos, com decréscimo por 3 anos consecutivos, num total de 100 membros. Refletindo este período difícil, a membresia em 1976 chegava a apenas 557 pessoas.

 

Então, os King retornam ao Brasil no dia 3 de janeiro de 1978, logo antes do Concílio Anual. No segundo dia do concílio o Pr. King foi eleito Diretor de Evangelismo para o Concílio e nisto viu tanto a providência e aprovação do Plano Qüinqüenal por Deus como uma confirmação do seu retorno ao Brasil. Imediatamente, ele escolheu uma Junta de Evangelismo toda nacional que logo aprovou o Plano Qüinqüenal. Em seguida, submeteu o plano ao Concílio que também o aprovou entusiasticamente. O trabalho em 1978 consistiu em treinar os pastores nos princípios neotestamentários de evangelismo, discipulado e implantação de Igrejas; lançar o plano numa concentração conciliar em Mirandópolis com uma apresentação multimídia, e apresentar o mesmo programa em todas as Igrejas, com a valiosa ajuda do Luiz Roberto da Silva. Isto preparou o caminho para o Concílio começar a alcançar os alvos do primeiro Plano Qüinqüenal (1979-1983).

 

Durante o primeiro qüinqüênio o Pr. King organizou um Festival de Evangelismo na Pan-American Cristian Academy, em Santo Amaro, com o Pr. Carlos Alberto Bezerra, então da Igreja Quadrangular como pregador, para um público de 500 Metodistas Livres. No segundo quinquênio, organizou uma ousada concentração na Praça da Sé em São Paulo com o desfile da C.J.C. na rua Direita, para divulgar a Igreja Metodista Livre e foram enviados os primeiros missionários para o exterior: Leda Gonçalves e Ieda Pires para Israel e a Índia respectivamente.

 

As metas específicas do primeiro Plano Quinquenal eram (a) fortalecer as 10 Igrejas existentes e (b) dobrar a membresia do Concílio Brasileiro de 557 para 1.115 até 1983. Já no segundo Plano as metas foram: a) dobrar a membresia de 1.115 para 2.230 até 1988, e b) estender a obra fora de São Paulo e implantar novas Igrejas.

 

Não podemos nos esquecer do querido casal de missionários Lavern e Loretta Blowers que serviu no Brasil na década de 70, pastoreando com muito amor e dedicação as igrejas de Cidade Ademar e Vila Bonilha.

 

Graças a Deus, a partir de 78, então, o Espírito Santo pode atuar e novamente a IMeL cresce e novas Igrejas são formadas, em ambos os Concílios. No Brasileiro, de 78 a 95, houve um crescimento na membresia de 298,7%, aproximadamente 17,5% ao ano. Foram organizadas 15 novas Igrejas.

 

Em 1984, os King foram designados pela segunda vez para Cidade Ademar/Jardim Rey, só que nesta época esta Igreja tinha Jardim Rey como sede e Cidade Ademar como congregação. Foi durante seu ministério nesta Igreja que foi corrigida uma injustiça: dois jovens que tinham chamado para o ministério haviam sido afastados da Igreja pelo pastor anterior por causa dos seus pontos de vista sobre a renovação espiritual e os dons espirituais. Reconhecendo o grande potencial destes jovens como futuros pastores e líderes, o Pr. King começou a instruí-los juntamente com outros numa classe da Escola Dominical sobre nossa posição a respeito da renovação, fervorosa religião do coração, o significado de Pentecostes na vida da Igreja e o papel dos dons espirituais na Igreja. Os jovens voltaram a ter um papel ativo na Igreja, começaram a estudar no Seminário com bolsas, formaram-se e provaram ser pastores bem-sucedidos no concílio. Os jovens eram: José Ildo Swartele de Mello e Nilson Campos P. Santos.

 

Em 1986 os Thompsons voltam ao Brasil para uma segunda temporada missionária que durou até 1997. O Pr. Thompson foi designado como “Supervisor do Campo Missionário Nacional” de 86 a 89, contribuindo decisivamente no envio para as missões nacionais dos casais Wilton e Maria, para Monte Santo, Bahia, e Jeconias e Maria do Socorro, para Cajazeiras, Paraíba, que haviam sido preparados pelo Rev. King. Dentro deste processo de crescimento missionário, também foi enviada a missionária Lucila Viana para Belém do Pará a fim de se preparar para trabalhar com as tribos amazônicas.

 

Em 1988 a IMeL do Brasil, ambos os Concílios, hospedou a Confraternidade Latino Americana.

No início da década de noventa, o casal Tony e Lílian Oliveira vieram dos Estados Unidos como missionários para auxiliarem principalmente na Faculdade, onde ministraram aulas de Escatologia, Apocalipse e História da Igreja. Mas, por motivos de saúde e questões familiares permaneceram apenas alguns anos.

 

Também por esta ocasião, o casal de pastores Raymond e Pamela Babcock também vieram como missionários e trabalharam com as Igrejas de Reimberg no Conbras e de Itapevi no Connikei, e o Pr. Ray cuidou dos interesses da Missão e do trabalho de tradução e edição do Livro de Disciplina. Retornaram para os Estados Unidos no ano 2000.

 

Em 1994 tivemos o privilégio de ter o Diretor de Missões na América Latina residindo em nosso país e fazendo de São Paulo a sua base, pois o Pr. Thompson foi designado para esta função, atuando em 9 países da América Latina e abrindo novos trabalhos em outros 12 países desta região. Mas, com tal sucesso neste trabalho, nós brasileiros acabamos perdendo a presença do Pr. Thompson, pois ele foi designado em 1996 como Diretor de Operações Mundiais da Missão Norte Americana, passando a trabalhar em 60 países no mundo, e indo morar em Indianápolis, Indiana, EUA. Por outro lado, ele continua envolvido no trabalho no Brasil, conseguindo e participando das visitas das equipes VISA, principalmente de Clarkston, para Ibirité, Cuiabá e Monte Santo.

 

Também em 1994, o Bispo Clyde Van Valin começou a preparar as lideranças dos dois Concílios Anuais e da Faculdade para a realidade da futura emancipação do Metodismo Livre em terras brasileiras. Ele promoveu encontros entre estas lideranças, lançando as bases de uma reaproximação entre as duas alas (Concílios), com o objetivo de que ambas estabelecessem um programa conjunto para a organização do Concílio Geral Provisional Brasileiro. O Concílio Nikkei entendeu ser melhor permanecer da forma como está. Já o Concílio Brasileiro, com o crescimento constante da membresia, dos Estados alcançados, do desenvolvimento da visão missionária e evangelística, além do número de pastores e ministros leigos, caminhou firme rumo à sua autonomia.

 

Neste mesmo ano, o missionário Rev. L. Daniel Owsley (filho dos missionários Clarence e Beth, que cresceu no Brasil, tornando-se pastor) e sua esposa Hope, foram para o Nordeste para auxiliar do desenvolvimento da liderança ali.

 

Com os esforços dos irmãos nordestinos e o auxílio do missionário Daniel Owsley, em 1996 foi formado o Concílio Provisional do Nordeste, com as Igrejas de Monte Santo, Cajazeiras e Petrolina.

 

Os sucessores do Bispo Van Valin, Bispos Richard Snyder e Roger Haskins, continuaram incentivando, auxiliando e orientando os dois últimos superintendentes, Pr. Dorivaldo Puerta Masson e Pr. José Ildo Swartele Mello, no caminho rumo ao Concílio Geral. Assim, em 1998 foi organizada a Comissão de Estudos para organização do Concílio Geral Provisional Brasileiro, sendo eleito o Pr. Nilson Campos P. Santos como presidente.

 

Em 2000 o Concílio Anual aprovou o Plano de Expansão Nacional, onde cada Igreja Local contribui com 5% de sua arrecadação total para o caixa de Missões Nacionais. Com isto a projeção de crescimento foi superada com folga ao final de 2001 e ao chegar o fim de 2002 ultrapassou-se a projeção em 62%. De 1995 ao final de 2002, o Concílio Brasileiro passou de 2.542 membros para 6.817, ou seja, quase duas mil pessoas a mais que a projeção feita em 98, que era de 4.194 membros. Um crescimento de 168%.

 

Os missionários Daniel e Hope Owsley serviram em São Paulo, Petrolina e também na região Centro-Oeste, desenvolvendo um trabalho excelente na formação de novos pastores e obreiros, através da extensão de nossa Faculdade de Teologia e também dando um grande apoio as igrejas locais, pregando e ensinando nos cultos e Escola Dominical. Estão periodicamente nas congregações e viajando para darem as matérias aos pastores e líderes dos outros estados da região.

 

Com o crescimento e amadurecimento do Concílio Brasileiro em todas as áreas, em abril de 2003, o Concílio Geral Norte Americano aprovou o pedido feito pelo ConBras e chegamos ao dia 27 de novembro de 2003 quando iniciamos as sessões conciliares de instalação do Concílio Geral Provisional Brasileiro e a instalação de seu primeiro Bispo, o Pr. José Ildo Swartele de Mello, que é fruto da evangelização da IMeL no Brasil, filho da IMeL de Cidade Ademar.

 

CULTO DE CONSAGRAÇÃO DO PRIMEIRO BISPO BRASILEIRO

A noite do sábado 29 de novembro de 2003 entrou de forma marcante para a história da Igreja Metodista Livre no Brasil. Aproximadamente 3.000 pessoas compareceram ao templo da Igreja Assembléia de Deus do Bom Retiro, à Rua Afonso Pena, 560, no Bairro do Bom Retiro, na Cidade de São Paulo para adorar e louvar a Deus em virtude do Culto de Celebração pelo final da trigésima nona sessão do Concílio Anual Brasileiro e da primeira sessão do Concílio Geral Provisional Brasileiro, além da significativa cerimônia de consagração e instalação do primeiro bispo nacional da IMeL, o Rev. José Ildo Swartele de Mello.

 

Para que alguns possam entender melhor tudo o que envolveu aquela noite de sábado, vamos voltar um pouco no tempo para acompanhar o desenvolvimento da IMeL no Brasil e da vida do Pr. José Ildo.

Desenvolvimento da IMeL no Brasil

A Igreja Metodista Livre surgiu nos EUA no ano de 1860 com uma mensagem contemporânea de reavivamento do método wesleyano de vida cristã numa época em que este método estava correndo o risco de se perder devido ao progressivo abandono das verdades do metodismo por parte da Igreja Metodista Episcopal. O principal reformador do metodismo wesleyano do fim do século XIX foi o Rev. Benjamim Titus Roberts que, mesmo a contragosto, liderou a organização uma nova denominação onde santidade, educação cristã, ação e assistência social, adoração fervorosa e evangelismo agressivo se fundem.

 

Após desenvolver seu trabalho de costa a costa dos EUA, em 1880 a IMeL começou a se espalhar pelo mundo, alcançando neste ano o país vizinho – Canadá, e a partir daí terras além mar, chegando em 1895 ao Japão. Lá a Igreja se desenvolveu até que em 1928 já havia formado vários pastores em seu próprio seminário. Um desses pastores – Massayoshi (Daniel) Nishizumi – sentiu o chamado de Deus e veio ao Brasil para evangelizar seus conterrâneos que aqui estavam trabalhando nas lavouras de café do interior paulista e paranaense.

Daniel Nishizumi implantou a IMeL em 01.11.1936 e lutou, até sua morte em 26.06.1946, para implantar o trabalho para os brasileiros, o que ocorreu em 07 de setembro de 1946. Desde então a IMeL do Brasil tem crescido sempre, passado por lutas e dificuldades, mas alcançado grandes vitórias com a bênção de Deus.

O trabalho foi organizado no Brasil como um Campo Missionário.

Em 1948 passa a ser o Concílio Missionário Brasileiro e, em 1954, junta-se ao trabalho no Paraguai para formar o Concílio Provisional da América do Sul. Ao chegar a 1964, este é “promovido” a Concílio Anual pleno com o nome de Concílio Anual Sul-Americano. Mas, dois anos depois chega-se à conclusão que é melhor desmembrar as três alas – paraguaia, japonesa e brasileira, para melhor desenvolvimento administrativo. Isto se mostra a chave do desenvolvimento da ala brasileira que é organizada como Concílio Anual Paulista em 1966. Anunciando sua vocação de crescimento no território nacional, o Concílio Paulista muda seu nome para Concílio Anual Brasileiro em 1971.

Durante 39 anos o Concílio Anual Brasileiro trabalhou e se organizou para ganhar pessoas de todos os lugares do Brasil. Saiu do estágio de campo missionário, passando por todos os estágios pelos quais a obra metodista livre num determinado país passa, crescendo em número, maturidade e organização até poder chegar ao máximo de ser um Concílio Geral com plena autonomia.

 

Mas, um último estágio ainda precisava ser cumprido: nos tornarmos Concílio Geral Provisional, no qual permaneceremos por quatro anos, organizando todo o necessário para galgarmos o último degrau. Foi a entrada neste estágio o motivo da grande celebração ocorrida em 29 de Novembro de 2003!

 

Ao chegar neste ponto a IMeL conquistou o direito – e também o dever – de eleger um de seus pastores para supervisionar o trabalho. O mesmo foi consagrado como Bispo, passando a liderar o povo metodista livre e, principalmente, cuidando da vida espiritual da IMeL no Brasil.

 

 

Um pouco da história do primeiro bispo brasileiro

 

Mas, a quem coube a honra e a tremenda responsabilidade de liderar o povo metodista livre nesta gloriosa empreitada, que tem como única razão glorificar o nome de Deus Pai, na pessoa do Senhor Jesus e com a direção do Deus Espírito Santo?

 

Deus sempre tem a pessoa certa para o momento certo. O texto bíblico citado repetidas vezes nas sessões conciliares deste ano e no Culto de Celebração de sábado foi 1a Coríntios 3.5-8: Quem é Apolo? E quem é Paulo? Servos por meio de quem crestes, e isto conforme o Senhor concedeu a cada um. Eu plantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de Deus. De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento. Ora, o que planta e o que rega são um; e cada um receberá o seu galardão, segundo o seu próprio trabalho.

 

Desde o primeiro momento do surgimento da IMeL no Brasil, Deus tem levantado homens e mulheres valorosos que Lhe são submissos. E coube ao Rev. José Ildo, pela providência divina, ser a pessoa a liderar este momento de nossa amada denominação.

Em 08 de agosto de 1963 nascia na cidade de São Paulo José Ildo. Filho de Frieda Swartele de Mello e Ildo Correa de Mello, que haviam frequentado a escola de cadetes do Exército de Salvação. O menino era chamado por sua carinhosa mãe de Ildinho, e foi como Dinho que ele cresceu numa casa no alto da Rua Marques de Herval (hoje Prof. Rodolfo de Freitas), brincando nas ruas de terra do bairro de Cidade Ademar, já na divisa de São Paulo com Diadema.

 

Aos cinco anos passou a frequentar a Escola Bíblica Dominical na jovem IMeL de Cidade Ademar, organizada em março de 1964 pela IMeL de Mirandópolis. O pastor de então era o Rev. Edmundo Freitas, mas a Igreja era sempre visitada e auxiliada pelos missionários.

Aos sete anos o menino que gostava de jogar bola e empinar pipa pelas ruas da vizinhança começou seus estudos na escola pública “Grupo Escolar Profa. Juventina Patrícia Santana”. Aí permaneceu até completar o Ensino Fundamental.

Neste período, como infelizmente acontece com muitas crianças evangélicas, o agora adolescente Dinho, se afastou da Igreja dos 13 aos 16 anos.

 

Quando já iniciava o Ensino Médio na “E.E. Martins Pena”, algo novo começou a ser escrito em sua vida pelo Senhor. O jovem Dinho sentiu-se convencido pelo Espírito Santo a voltar para a Igreja no momento em que tentava evangelizar um colega de escola. Já se podia antever quais seriam as áreas de predileção do futuro Bispo: evangelização, apologética, crescimento da Igreja, doutrina bíblica…

Então, no dia 06 de janeiro de 1980, ele se dirigiu ao templo da IMeL de Cidade Ademar que ficava na mesma rua de sua casa para assistir a primeira Escola Bíblica Dominical do ano. O pastor Ozias Costa, na qualidade de Superintendente estava cuidando da Igreja por um mês até que o novo pastor ali chegasse.

 

Em fevereiro deste ano, o pastor José Alves do Carmo chega do Rio de Janeiro – de São João do Meriti – para pastorear Cidade Ademar. Trazia junto consigo a família composta de um rapaz (os três mais velhos ficaram no Rio – um casado, outro na faculdade e o terceiro nas forças armadas) e seis garotas (a primeira das sete filhas, já casada, também permanecera no Rio). Dentre estas garotas uma despertou a atenção do Dinho – a bela Ana Cristina.

 

Ele se batizou em 19 de outubro de 1980 na imel de Cidade Ademar, no ministério do Pr. José Alves. Neste ano começou a namorar a Cristina.

 

Após o seu batismo começou a se envolver nos trabalhos da Mocidade e da Escola Bíblica, o que foi ajudando-o a vencer um grande problema da infância e da adolescência: a timidez. Ele foi Diretor Esportivo, Vice-Presidente e Presidente da Mocidade de Cidade Ademar/Jardim Rei. Foi professor de juniores na EBD.

 

Na Mocidade foi desenvolvendo o dom da palavra, pregando com convicção a salvação e a santidade em Cristo Jesus. Juntamente com seu amigo Nilson Campos e com sua namorada Cristina, ele começou um trabalhado de evangelização no Colégio Martins Pena no ano de 82. Todos os dias, eles se reuniam no horário do intervalo das aulas para cantar, dar testemunho da fé e pregar a Palavra. Houve conversões. Chegaram a reunir mais de 100 pessoas. 6 pastores saíram daquele grupo evangélico de jovens, entre eles, Pr. Davi Dumas da Igreja Presbiteriana Monte Sião, Pr. Nilson Campos, superintendente do CONLESTE, e Bispo Ildo.

 

Em 1983 passou um dos momentos mais difíceis de sua vida cristã quando o seu Pastor – que também era o Superintendente na ocasião – moveu uma perseguição contra todos que não criam como ele com relação à renovação espiritual e os dons espirituais. De maneira arbitrária o Pastor mandou embora da Igreja o talentoso jovem, junto com outros que compartilhavam do mesmo pensamento. Mas, rapidamente Deus interviu, e a denominação afastou aquele pastor, elegendo novo superintendente, e o Rev. C. Wesley King foi pastorear Cidade Ademar/Jardim Rey em 1984, restaurando aqueles jovens ao ministério metodista livre.

 

Casou-se com a Cristina em 11 de agosto de 1984 e hoje tem três filhos: Samuel, Daniel e Rafael.

 

Em fevereiro de 1985, José Ildo começa o curso de Bacharel em Teologia na Faculdade Metodista Livre. Em outubro aceitou o desafio feito pelo Pr. Manoel Roberto Olívio que pastoreava Jardim Rey/Cidade Ademar e, junto com outros jovens de Cidade Ademar, foi reabrir o trabalho naquele bairro, que havia sido transferido para Jardim Rey. De 12 pessoas em outubro de 85 chegou-se a 60 em 87. Em novembro de 85, foi recebido como Candidato ao Ministério do Concílio Anual.

 

Em 1986 pastoreou Cidade Ademar dividindo o trabalho com outro Candidato ao Ministério, Nilson Campos, sendo supervisionados pelo Superintendente distrital (ou regional), o Rev. Expedito Calixto.

 

Em novembro de 1988 formou-se Bacharel em Teologia e foi ordenado pastor. Em 1989 aceitou o convite do Superintende da Igreja do Nazareno para trabalhar como seu auxiliar na Igreja do Nazareno de Santo André e participar do Projeto São Paulo que visava plantar 30 novas igrejas em um ano na cidade, sendo cedido “por empréstimo” pelo Concílio Brasileiro. Produzindo frutos, enfrentando desafios, teve, assim, o seu ministério confirmado pelo Senhor.

 

Retornou à IMeL no ano seguinte, indo pastorear a Igreja de Vila Bonilha, (ver algumas fotos e um vídeo) a qual cresceu muito, reconstruiu seu templo e abriu novos trabalhos em seu ministério ali até 31 de Dezembro 1997.

 

Em 1994 iniciou estudos de mestrado na Faculdade Batista de São Paulo. Em 1998 foi designado pastor da IMeL do Aeroporto, a partir de onde foi sendo eleito para posições de liderança no Concílio: em 96, Vice Superintende do ConBras e Vice Presidente da Área Sul da Confraternidade Latino Americana, Superintendente do ConBras em 1997, Presidente da Confraternidade Latino Americana em 2000 e Bispo em 2003 e, desde 2007, serve como presidente do Concílio Mundial de Bispos da Igreja Metodista Livre.

 

O Ildinho dos pais Ildo e Frieda, o Dinho dos irmãos, amigos de infância e colegas de ministério, o Bispo José Ildo da IMeL do Brasil, ainda é professor de teologia, escatologia e evangelismo na Faculdade de Teologia Metodista Livre, pastor da Igreja Metodista Livre de Mirandópolis e Doutor em Ministério Pastoral pela Faculdade Teológica Sul Americana de Londrina.

Uma noite que ficará na história de nossas vidas

O Bispo José Ildo abriu aquele culto com a leitura bíblica do Salmo 126. Seguiram-se momentos edificantes de louvor e adoração com cânticos congregacionais, dança litúrgica e apresentações especiais.

 

Houve a ordenação dos Presbíteros Maria Inês e Valdir Tavares. Também se fez menção honrosa aos missionários americanos e canadenses, pioneiros na obra metodista livre, eram quatro casais. Todos já idosos, mas com uma paixão juvenil por ver almas ganhas em nosso vasto país. A alegria e o exemplo de fé destes homens e mulheres contagia quem chega perto deles. Foi maravilhoso ver ali três gerações de metodistas livres brasileiros celebrando o passado corajoso e desbravador, o presente festivo e vitorioso, e o futuro cheio de desafios e de confiança em Deus!

 

Mas o ponto marcante foi, sem dúvida alguma, a inédita consagração de um bispo metodista livre brasileiro. De forma simples, nada pomposa, mas séria e sublime, o Bispo Roger Haskins presidiu a consagração, que consistiu em leituras bíblicas alusivas ao ofício episcopal, seguidas de ato de compromisso pelo Bispo José Ildo. Aquele menino de Cidade Ademar parecia agora um gigante que lutava para poder suportar o peso de tão grandes compromissos na obra de Deus. Nas palavras do próprio Bispo Ildo, “Senti um peso tão grande sobre mim que teve momentos em que tive que respirar bem fundo para me manter de pé. Sinto que envelheci uns 10 anos!”. Cubramos de oração nosso líder para que ele seja sustentado e capacitado pela graça de Deus ao cumprir seus votos episcopais!

 

Terminada esta parte, o Bispo José Ildo se ajoelhou para receber a imposição de mãos do presbitério e do Bispo Haskins no momento da oração de consagração. O Bispo Haskins disse então que o Bispo Ildo poderia chamar os parentes que ele gostaria que estivessem junto a ele naquele instante. Se esforçando para controlar as emoções, ele chamou seus pais, seu sogro, Pr. José Alves do Carmo, que o batizou e seu tio, Coronel Mello, do Exército de Salvação, responsável pelo encontro que veio a unir os pais do Bispo em matrimônio. Finalmente, no seu momento mais significativo na carreira ministerial, num ato de extrema generosidade, Bispo Ildo chamou também um amigo de infância e colega de ministério para estar junto. Nas palavras desse amigo “[ele]me pegou totalmente desprevenido ao me chamar para estar ali, junto… fiquei assustado, constrangido, alegre e tocado. Eu não fiz nada para merecer tal atitude. Seu maior momento de benção e – se não for pecado dizer – de glória, e [ele]quis compartilha-lo comigo… Eu não imaginaria outra forma mais forte me demonstrar sua amizade… Foi algo que eu ainda estou tentando assimilar. Certamente nunca esquecerei.”.

 

Assim, o Bispo Haskins liderou a oração de consagração com a imposição de mãos dos presentes ali no altar, ao final da qual o Bispo Ildo, já de pé, foi investido da veste episcopal: uma toga (túnica) com estola vermelha estampada com uma cruz dourada na parte inferior das duas pontas. Em seguida, o Bispo Ildo foi apresentado ao povo.

 

Ainda houve a manifestação de carinho da família do recém consagrado Bispo, com a leitura de uma redação do filho do meio, Daniel, e um cântico especial pelo filho mais velho, Samuel.

 

Foi uma noite inesquecível. Deus tem honrado o trabalho de seus filhos metodistas livres em terras brasileiras.

 

 

Pr. Nilson Campos Portugal Santos